2500 km com minha kansas

Quero aqui relatar minha aventura com minha kansas, uma viagem inesquecivel e emocionante, saí de Goiânia - GO em direção a Pouso Alegre - MG, rodei por cerca de 10 km muito ansioso por fazer uma viagem dessas sem a habilitação ainda, bem, cerca de 10 km rodados a moto começou a morrer, morrer e parei no acostamento da BR-153, conversei com a Carol (nome da motoca), então olhei a vela, estava muito carbonizada (sinal de mistura rica, eu acho), resolvi trocar a vela mesmo assim, mesma coisa, então eu dei uma geral no carburador, desmontei ele e em 20 minutos estava de volta a estrada, pouco tempo depois começava a chover, de alma lavada eu avisto uma placa sobre o limite de estados, o coração bate mais forte, respiro aquele ar de liberdade bem fundo e continuo acelerando com todo o prazer do mundo, bem, já estava chegando aos 300 km rodados, então hora de abastecer, parei no posto, o frentista encheu o tanque até transbordar, tudo bem, estava chovendo mesmo e eu não tinha paciencia para esperar, seguindo com velocidade real de 80 km/h cheguei a divisa de estados, clima tenso, afinal, todos os carros parados, meu coração se apertou muito naquele momento pois começei a imaginar o pior, bobagem minha, pois era apenas uma obra de uma ponte que forçava os motoristas a parar e esperar por 20 minutos até o trafego ser liberado, fui costurando meio cabreiro por entre os carros e logo avistei maquinas e os funcionarios do DNIT, fiquei um pouco mais tranquilo, assim que o trafego fora liberado, já estava sobre o solo de MG, coisa boa demais, justamente na barreira o danado do gps começa a apresentar sinal de bateria fraca, será que o meu carregador adaptado não estava funcionando mais? Bem, resolvi não ligar muito, pois quem tem boca vai a Roma, demora mais um pouco mas chega lá, enquanto estava perdido começei a imaginar os tempos de colégio, eu pouco sei sobre geografia, mas me lembrei que Uberlândia ficara no caminho, como poucas pessoas sabiam onde ficava Pouso Alegre, resolvi que iria ir a Uberlândia, depois Belo Horizonte e depois finalmente ir em direção a Pouso Alegre pela rodovia Fernão Dias, bem, passei por Uberlãndia por volta das 17:00 hrs, estava animado então resolvi que daria pra chegar a Belo Horizonte antes de escurecer, bem, a rodovia BR-050 parecia ótima também, então, qual o problema em andar a noite? Engano tragico, pois escureceu e eu nem sabia quantas horas eram, parei em um posto de combustivel para me informar sobre onde teria algum hotel proximo, eu estava perdido, me assustei quando vi um patrulheiro rodoviario me enainando o caminho e eu me sentindo muito culpado por estar sem habilitação, mas não tinha como fugir e ele tinha uma arma e poderia desconfiar, conversei bastante tempo com ele, o hotel mais proximo ficava a 80 km de distancia em Araxa - MG, eram 21:00 hrs já, resolvi seguir por uma rodovia que eu nem sabia o nome, escuridão total e caminhões na pista me empurrando ladeira abaixo, as vezes eu conseguia sentir o calor de alguns, rodei cerca de 50 km assim, então me apareceu um caminhoneiro em um caminhão baú, fez sinal para que eu o seguisse, eu fui mais seguro com meu mais novo amigo de estrada até Araxá, me despedi dele com uma buzinadinha, ele respondeu e seguiu viagem, nesse momento me dei conta que tinha feito um grande amigo, cheguei em Araxá eram quase 23:00 hrs, cansaço era só detalhe, dor no bumbum e nas costas incomodavam tanto que eu dormiria até no asfalto, dormi em um hotel furreca mas estava contente por tomar um banho quente e por não sentir mais o calor dos caminhões, uma coisa interessante são os insetos que vagam pelas estradas a noite, assusta muito as vezes, ainda mais quando algum se espatifa na viseira do capacete e tampa a visão inteira, saí de Araxá as 6 horas, disposto a terminar a viagem antes do meio dia, verifiquei o óleo, estava no nivel maximo, como eu tinha saído de Goiânia, já tinha rodado mais de 600 km, segui viagem, o que me atrapalhava dessa vez era a neblina na pista, dava medo, mas eu e a Carol estavamos dispostos a chegar, então quase como o destino, resolvi virar para a direita, pois geograficamente meu destino ficava naquela direção, muitas curvas, belissimas paisagens, eu estava certo dessa vez, outro abastecimento e eu perguntando ao frentista onde eu estava e pra que direção ficara a rodovia Fernão Dias, ele me apontou e disse que ficava a mais ou menos 200 km, bem, nem era tanto, perguntei sobre Pouso Alegre, ele conhecia e me disse que esse caminho que eu estava pensando em fazer era o melhor, então segui, o barulho da moto parecia cada vez melhor, melhorava muito enquanto chovia, coisas de uma motoca temperamental, bem, segui sem parar nem para comer, pois estava muito cansado e só parava para abastecer, cheguei a Pouso Alegre por volta das 16:00 hrs, eu me explodia de Alegria, um aperto de mão em todos, abraços na sogra e em outros, um abraço timido da minha filhota, bem, eu não me aguentava de pé, resolvi dormir, pois minha esposa só chegaria do trabalho a noite, desabei sobre um colchão do lado de fora da casa, olhando para a motoca e lembrando da aventura, minha coluna não era a mesma, nem meus dedos, meus dedos estavam anestesiados pela vibração da motoca, ah, estava escurecendo, sinal que minha esposa estava para chegar, mas eu estava cansado, conversei com ela alguns instantes por telefone, marcamos de nos encontrarmos perto da casa dela, encontro timido, conversamos um pouco, matei uma saudade que já durava praticamente 2 anos, essa noite dormi na sala da casa dela, sei que deveria estar no hotel, mas estava tarde, amanhece o dia, matamos mais um pouco da saudade no café da manha, bem, essa parte não vou contar mais, já estava na cidade a alguns dias, resolvi ligar para nosso amigo jeff e fazer uma proposta, voltar a Goiânia ao mais puro espirito de "motoqueiros selvagens", bem, infelizmente o jeff não poderia me acompanhar e meu dinheiro estava acabando, resolvi seguir sozinho de volta a Goiânia, mas estava com medo pois eu passaria por SP, confesso que senti muito medo não da polícia em si, mas pelos caminhões e motoristas que não tem nenhuma educação, bem, segui de volta minha jornada solitaria imaginando como seria pegar a estrada ao lado de um companheiro aventureiro, mas eu precisava seguir, pois no gps marcava mais de 950 km para rodar, no começo da viagem tenho o pneu traseiro furado, por sorte estava a uns 2 ou 3 km de uma borracharia, estava disposto a chegar lá, então tirei a capa de chuva, a blusa e fui empurrando, por sorte era plano então nem foi tão mal assim, conserto feito então segui viagem, rodei mais um pouco e senti falta de tração, olhei pelo retrovisor e vi minha corrente estirada no asfalto, morta, sem vida e eu entrava em desespero, voltei, peguei a corrente e fui descendo a ladeira na moral pelo acostamento, avistei um posto e perguntei sobre o serviço, eles infelizmente não faziam tal serviço, sentei e fiquei esperando, não sei o que, mas estava esperando, ao que me surge um herói, não um, mas 6, eu me encontrava com membros de um motoclube daqui de Goiânia, coincidencia ou destino, bem, ele me ajudou e fizemos o conserto na corrente, eu só tinha perdido a emenda e ele me orientou a sempre levar em viagens longas, infelizmente eles estava indo em direção a São Paulo, então me despedi e resolvi seguir viagem, o sol se escondia no horizonte, então, lição que eu aprendi, hora de parar, eu estava a 20 km de distancia de uberlândia, então, resolvi dormir por lá, as 5 horas da manha, resolvi seguir viagem novamente, dessa vez o gps marcava que faltavam pouco mais de 300 km até o destino, que sorte, então parti e aprendi outra lição, que apesar de estar perto de amanhecer, é igual andar a noite, parei em um posto e fiquei batendo papo até amanhecer, amanheceu e eu continuei a viagem, o mais interessante é que passava pelos postos da PRF sem problemas, logo estaria atravessando os estados, só conseguia pensar em dormir um pouco, mas a estrada não pode esperar, em cada posto da policia eu não me sentia nada agradavel, meu coração que já estava na garganta passava para as mãos, quando eu atravessava era um alivio tão grande que eu até me esquecia da dor nas minhas costas, me encostava na mala para aliviar um pouco, não adiantava mais, hora de abastecer e passar pelo ultimo posto de fiscalização da PRF e eu estaria em casa de novo, um susto quando avistei uma viatura, se tratava de uma operação policial, tive que pensar rapido, então me lembrei que tinha perdido uma mala com roupas (nada demais, cuecas e meias que nem sou tão apegado assim), parei do lado da primeira viatura e perguntei sobre a minha mala, era só uma desculpa, me sentia tão culpado e mentiroso, ele me disse que eu deveria ir no posto, entrei com toda a coragem do mundo e perguntei novamente, saí de lá como um motoqueiro experiente e segui viagem, que sorte, bem, esqueci de contar que não sei onde eu perdi minhas luvas, acho que emoção, cansaço e pressa me fizeram sair sem elas, mas não tinha do que reclamar, além de alguns cortes que levei nas mãos por conta dos insetos que acertavam nelas a 80, 90, 100 km/h (ladeiras inesqueciveis), bem, cheguei em Goiânia com uma única certeza, o jeff perdeu uma aventura e tanto e espero que em breve possamos nos aventurar novamente, saí de casa com o hodometro marcando 1137 km, voltei com ele marcando 3580 km.
Espero ter me lembrado de todos os detalhes dessa viagem, depois se eu me lembrar de algo mais eu adiciono informações.

Abraços

Puxa vida,

Se pudesse ter ido junto, agora estaria aqui em casa descansando da viagem e me preparando para contar os detalhes do regresso solitário... outra aventura e tanto. Mas infelizmente não deu.

O fato é que eu só poderia estar saindo daqui hoje, então iria te atrasar muito a viagem. Mas outras oportunidades virão, quem sabe alguém mais se junta nessa jornada easy rider até Brasília (ou Pouso Alegre? você vai ter que se decidir.... hehehe)

Beleza de aventura, jornada inesquecível, você conseguiu fazer a aventura que tanto queria ter para contar para seus netos. E muito mais. Essa é a primeira de muitas outras, tenho certeza.

Um grande abraço, Cassio, e até o dia que nos encontraremos pelas estradas deste Brasilzão!

Jeff

Que aventura legal Cassio! Uma hora eu faço uma dessas!!

nem posso falar como fico, pois deixei de ir pra chapada diamantina por falta de tempo ($$$$) e não tinha feito a revisão na moto não queria maltrata-la

atualmente minha kansas tem 23000km

Cassio
Fantástica sua aventura com Carol!
parabéns!
e as imagens da aventura vão te acompanhar pra sempre!
abssss

Fotos? Pra nos deixar com vontade?

edu.ramos escreveu:Fotos? Pra nos deixar com vontade?

Bem, esqueci a camera em algum ponto da viagem
Sabia que eu deveria colar uma etiqueta na maledeta da camera...

Puxa que pena.